SOLIDÃO PROGRAMADA
2016
A "Solidão Programada" faz uma aproximação entre a obsolescência programada que é produzida nas indústrias promovendo um descarte maior do que o necessário dos produtos por ela criados e o homem inserido na sociedade de consumo que encerra seu projeto de vida na busca da aquisição de tais produtos tornando-se competitivo e menos hábil no convívio social. Tal ação dentro de um sistema neoliberal produz consequências importantes à relação do indivíduo com a sociedade. Uma vez que o sucesso pessoal se dá através da "sobrevivência do mais forte" a competição afasta as pessoas que encontram satisfação passageira na aquisição e no uso de bens de consumo.
Obsolescência programada é uma estratégia para que um produto venha a falhar ou se tornar velho antes do tempo necessário para que isso ocorra naturalmente. Lá na década de 20 já se reduzia de propósito a vida útil dos produtos para aumentar as vendas e o lucro. A solidão é por muitos entendida como um dado inevitável da existência, como a morte por exemplo, entretanto é no convívio com outros homens que o homem aprende a sê-lo, portanto é inimaginável um indivíduo dotado de alguma qualidade que não o tenha aprendido num meio social.
Oriundo desse meio o homem pós-moderno enfrenta a solidão através dos recursos oferecidos pelo mercado. Opções tecnológicas que prometem manter o indivíduo sempre conectado com o maior número de pessoas possível mas nem sempre possibilitando relações profundas . Segundo Schelp (2009) a internet tornou-se um vasto ponto de encontro de contatos superficiais.
O indivíduo fruto desse processo incorporou a indiferença através de uma falsa sensação de saciedade advinda do fluxo de informação e demanda que ele próprio alimenta. O isolamento é o sintoma da sociedade hedonista e narcísica que se forma dentro desse contexto.
Assim ninguém consegue olhar para dentro de si a poder decidir para além da mera tolerância perante a falta de perspectiva de futuro.
